Willy Holderegger
Gais, Suíça
1922–2007
Por trás da história da primeira geladeira brasileira tem o nome do suíço Willy Holderegger.
Quando chegou ao Brasil, aos seis anos, Willy nem sapatos tinha para calçar.
Nascido em 30 de maio de 1922 em Gais, no cantão de Appenzell, imigrou em 1928, com os tios e a irmã.
Filho de Albert e Marta Holderegger, com a morte do pai e o segundo casamento da mãe, a família se separou, porque o padrasto não queria as crianças. Walter, o irmão mais velho, foi viver com os avós maternos, Willy e Marta foram acolhidos pelos tios Marti e Bertha.
Depois de receber uma carta da irmã de Bertha, que já morava no Brasil, os tios decidiram imigrar. A mensagem dizia: “Fome aqui não passamos. É bem verdade que o dinheiro também anda escasso, mas sempre temos galinhas e porcos e até uma vaca na estrebaria para garantir o leite de cada dia. E boa terra é o que não falta para garantir nosso sustento”.
A grande paixão de Willy era a mecânica. Trabalhou em Curitiba e mais tarde em uma indústria de máquinas de Joinville. De origem simples e sem formação, enfrentou muitos desafios até tornar-se um empresário bem-sucedido.
Na década de 40 casou-se com Brigitta Ana Rauch, brasileira de origem austríaca que conheceu em Joinville. Tiveram dois filhos: Mario, nascido em 1943, e Alberto, em 1946, e quatro netos, que têm a cidadania suíça.
Nessa época, conseguiu emprego na oficina Tiradentes, em Brusque, de propriedade do inventor Rudolfo Stutzer, que precisava de alguém que soubesse mecânica, fosse rápido e organizado.
Fabricavam anzóis, começaram a fazer manutenção de máquinas têxteis e a produzir correntes e pedais de bicicleta. Um dia, pediram que consertassem uma velha geladeira importada. Com a ajuda de um químico, resolveram o problema e dessa experiência nasceu o primeiro refrigerador brasileiro a querosene, chamando a atenção de um empresário que propôs a instalação da fábrica em Joinville.
Willy viajou levando a Cônsul em um caminhão. Em julho de 1950 teve início a indústria de refrigeradores cuja marca homenageava o cônsul Carlos Renaux, que financiou a oficina.
Com o crescimento dos negócios surgiu a necessidade de fabricar compressores de geladeira, então importados da Dinamarca. Foi criada a Embraco, cujo controle em 1976 passou para a Brastemp, depois adquirida pela Whirpool.
Willy era festeiro, tocava violão e balalaica. Quando o embaixador da Suíça visitou Joinville, na década de 60, fez uma festa e apresentou-lhe a colônia suíça. Mais tarde, foi convidado a ser correspondente consular da Suíça em Santa Catarina, função que exerceu por 30 anos e foi assumida pelo filho Alberto por mais alguns anos.
Viúvo desde 1977, casou-se novamente, com Renate Holderegger, de origem alemã.
Willy sempre procurou manter aquecida as raízes suíças na família. Faleceu em dezembro de 2007.