Theodor Amstad e a imigração suíça no Rio Grande do Sul
Beckenried, Suíça
1851–1938
Considerado o introdutor do cooperativismo no Brasil, o padre Theodor Amstad nasceu em 9 de novembro de 1851, em Beckenried, no cantão de Nidwalden. Frequentou o famoso ginásio jesuíta de Feldkirch, em Voralberg, passou pelo noviciado de Gorheim e estudou ainda na Holanda.
Veio para o Brasil em 1885, quando começou a prestar assistência econômica, social e cultural aos colonos do Rio Grande do Sul. Para tanto, deu início ao movimento de fundação das associações de lavradores, cooperativas e caixas Raiffeisen.
Segundo Oberacker Jr. (1985: 374), em 1901, Amstad fundou, na Colônia “Nova Petrópolis”, a primeira caixa de depósitos e empréstimos do sistema cooperativista do Brasil.
Muitas outras cooperativas foram criadas graças a sua iniciativa. Uma das caixas econômicas deu origem ao Banco Agrícola Mercantil S.A., que, em 1949, contava com 16 filiais, 45 escritórios e inúmeras agências no país.
Antes que o governo baixasse a primeira legislação sobre o cooperativismo, em 1907, o padre Amstad já havia elaborado (em 1903), as primeiras diretrizes para a constituição de cooperativas.
Theodor Amstad ajudou a fundar, junto com outros jesuítas, a “União Popular dos Católicos de Língua Alemã”, que desempenhou um importante papel na área da educação dos descendentes dos colonos alemães.
Em 1924, seus escritos sobre a presença alemã no Rio Grande do Sul foram editados no livro Hundert Jahre Deutschtum in Rio Grande do Sul 1824-1924. Foi nessa zona de colonização alemã que o padre jesuíta Theodor Amstad morreu, em 7 de novembro de 1938.
Sociedade Filantrópica Suíça do Estado do Rio Grande do Sul
Desde 1928
Situada no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, a Sociedade Filantrópica Suíça do Estado do Rio Grande do Sul foi fundada em 19 de fevereiro de 1928, por suíços e seus descendentes, para congregar imigrantes europeus, particularmente os suíços, em época de dificuldades.
Um dos fundadores, Joseph Kohler, nasceu em Berna, foi criado na cidade de Basiléia e chegou ao Brasil em 1922.
À época, a instituição prestava assistência a cidadãos de nacionalidade suíça, ajudando os mais necessitados, por meio de auxílio pecuniário, conselhos, informações, alojamento ou na procura de trabalho para a subsistência.
Ao organizar reuniões sociais e desportivas, estimulava entre os cidadãos helvéticos as recordações da pátria, fomentando os sentimentos de coletividade e fortalecendo os laços que uniam os suíços que imigraram para o sul do Brasil.
Um grupo de boliche, Flor dos Alpes, foi criado em 1958. Conhecido como grupo de bolão, foi pioneiro na Sociedade e competia com outros clubes de Porto Alegre. O grupo mudou, mas continua ativo ainda hoje.
Nos anos 1970, a diretoria promovia bailes e eventos comemorativos, além da já tradicional festa da Data Nacional da Suíça, no dia 1º de agosto.
Em quase um século de história a Sociedade viveu uma década de ostracismo, o que, nem de longe lembrava os tempos em que os recursos arrecadados em festas e chás beneficentes revertiam em ajuda para instituições carentes.
O envelhecimento enquanto associação, a falta de atrativos para os jovens e resquícios de administrações malsucedidas suscitaram o desejo de renovação.
Integraram a Associação Suíço-Valesana do Brasil, o que deu novo fôlego à Sociedade e uma rica troca de experiência.
Outras iniciativas que marcaram o período de reestruturação foram reformas na sede social, reabertura do Restaurante Ricalldone e aumento no quadro associativo.
Há doze anos na presidência, Loni Edith Sassen de Araujo é neta de Joseph Kohler. Seus pais, Olavo e Walli Sassen, sempre se dedicaram muito à associação e a história da família seguiu entrelaçada à da Sociedade.
Ao longo do tempo, a instituição vem se revigorando para representar entre os associados a presença da Suíça de hoje, manter viva a memória do que foi construído e preservar a história da Sociedade e das famílias que a edificaram.
ASVB – Associação Suíço-Valesana do Brasil
Desde 1992
Com sede simbólica no município de Carlos Barbosa, a ASVB – Associação Suíço-Valesana do Brasil foi criada em 7 de junho de 1992, em consequência do Projeto Valesanos do Mundo – um encontro mundial ocorrido na Suíça –, que comemorou os 700 anos de fundação da Confederação Helvética, em 1991.
Foi na região de Carlos Barbosa que desembarcaram as primeiras famílias suíças vindas do Cantão de Valais.
Com mais dois núcleos, em Caixas do Sul e Porto Alegre, a associação foi fundada por descendentes dos imigrantes, com o objetivo de manter vivos os costumes e a cultura helvética. Já teve centenas de nomes no quadro de associados e conta atualmente com 90 filiados ativos.
Desde o início, a ASVB empenhou-se no processo de recuperação histórico-cultural da imigração no sul do Brasil e das histórias das famílias.
Esse trabalho de resgate resultou em encontros, publicação de livros sobre a história dos imigrantes e genealogia das famílias, incentivo ao estudo do francês para intercâmbios, criação do Coral Vozes da Montanha, com repertório do cancioneiro suíço cantado em francês, adoção dos trajes valesanos da época e participação nas festas comunitárias na serra gaúcha.
A troca de experiências com a Suíça e a Argentina fortaleceu um intercâmbio mútuo de visitas e culminou na realização de um Seminário Internacional sobre a Imigração Valesana na América Latina, no ano de 2000.
Em três décadas de história, a Associação Suíço-Valesana do Brasil criou monumentos, um cemitério, uma praça destacando o Cantão de Valais e a Lei Estadual que instituiu o Dia do Imigrante Suíço, comemorado em 10 de novembro, uma forma de perpetuar o patrimônio e a memória da presença helvética no Rio Grande do Sul.
Para dar continuidade ao trabalho de preservação da cultura dos imigrantes vindos do Cantão de Valais, a entidade lançou seu portal na internet, com links que remetem à história suíça no sul do Brasil e traz agenda de eventos, notícias, biografias, artigos, livros, genealogias e informações sobre sua estrutura administrativa.