Paul-André Robert
Orvin, Suíça
1901–1977
Em 1961, o artista suíço Paul-André Robert veio ao Brasil com a missão de pintar uma série de flores e outra de borboletas, para a editora Delachaux et Niestlé, onde trabalhava como ilustrador de livros científicos.
De volta à Suíça, com a colaboração de um biólogo, as flores do Jardim Botânico de São Paulo foram publicadas em livro (Fleurs Tropicales), mas ele não encontrou quem entendesse de borboletas brasileiras para redigir o texto que acompanharia a série de ilustrações feitas em Cosmópolis, interior de São Paulo. O projeto – e as aquarelas de borboletas – ficaram guardados em uma gaveta.
Sessenta anos depois, Béatrice Reichen-Robert realizou o sonho do avô e publicou o livro Borboletas do Brasil – Aquarelas (Papillons du Brésil – Aquarelles), em edição bilíngue português-francês. A obra, editada em conjunto com André Victor Lucci Freitas (professor de biologia na UNICAMP), Blaise Mulhauser (diretor do Jardim Botânico de Neuchâtel, Suíça) e Almir Cândido de Almeida (empresário, fotógrafo e aquarelista), traz 27 aquarelas com a identificação das borboletas e um pouco da história de Paul-André Robert que, segundo Mulhauser, é considerado o maior entomólogo da Suíça francesa.
O lançamento do livro Borboletas do Brasil – Aquarelas, unindo Brasil e Suíça e instituições renomadas de ambos os países, enaltece e atualiza o trabalho de Paul-André Robert como ilustrador e entomologista, marcando mais um importante legado suíço-brasileiro no campo das artes e das ciências.
Ilustrador naturalista e o sexto pintor de uma família de artistas relativamente conhecidos, Paul nasceu em 11 de outubro de 1901, em Ried-sur-Bienne, no cantão de Berna.
Passou a vida toda no campo, perto de uma pequena cidade na Suíça francesa, Orvin, casou-se com Madeleine Favre e teve quatro filhos. Moravam na casa que herdou da família e que hoje pertence à Fondation Collection Robert, a mesma fundação que mantém sua obra no NMB – Nouveau Musée Bienne.
A primeira formação veio do pai, o pintor naturalista Léo-Paul Robert. Mais tarde, estudou Belas Artes em Paris e sua paixão sempre foi ilustrar livros científicos sobre a natureza – pintava libélulas, borboletas, cogumelos e flores, entre outros temas. Publicou cerca de 20 livros, ilustrando ou escrevendo os textos. Como cientista autodidata, sabia descrever insetos e plantas e recebeu em 1973 o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Neuchâtel.
Paul-André Robert levava uma vida modesta e ganhava muito pouco no início da carreira. O trabalho de ilustrar livros era demorado. Então, paralelamente, pintava a óleo retratos, paisagens e natureza morta. Com o tempo, foi sendo conhecido e passou a ter uma vida material mais confortável.
Na casa construída por seu pai, ele tinha um grande ateliê com exposição permanente de suas obras, local que era aberto ao público na época quente do ano, de março a outubro. Atualmente, o ateliê é alugado para pintores e todo primeiro domingo do mês acontece a Journée Portes Ouvertes (Dia de Portas Abertas) para visitação pública.
Paul-André Robert faleceu em Orvin, no dia 20 de agosto de 1977, na mesma casa em que morou a vida inteira e que se tornou símbolo da família Robert.