Franz Caspar

Rapperswil, Suíça
1916 – 1977
O etnólogo suíço Franz Caspar costumava contar histórias sobre o cacique Waitó e, às vezes, à noite, cantava músicas em Tupari para que os filhos adormecessem.
Natural de Rapperswil, no cantão de St. Gallen, Franz Caspar nasceu em 17 de setembro de 1916.
Depois da escola secundária foi estudar no colégio do convento dos beneditinos em Disentis, até terminar o curso superior.
Era um estudioso incansável, segundo os colegas de Hamburgo, cidade em que estudou etnologia e onde conheceu Frauke Behrend, que tornou-se sua colaboradora e futura esposa. O casal teve quatro filhos.
Trabalhou numa editora em Zurique e após ter feito o serviço militar e uma atividade na Cruz Vermelha Internacional em Genebra, em 1951 veio realizar o sonho de conhecer a América do Sul, onde permaneceu por quase dez anos.
Nesse tempo em que passou viajando, teve contato com índios civilizados da Bolívia e da Argentina, mas estendeu a permanência, porque queria conhecer a floresta amazônica e verdadeiros índios selvagens.
Sua primeira expedição aos índios Tupari, em Rondônia, se deu em 1948.
Ao voltar para a Suíça em 1949, estava carregado de artigos trocados e presenteados pelos índios, com os quais tinha excelente convívio.
“Nunca imaginei que pudesse me afeiçoar tanto àquelas pessoas nuas – no começo tão estranhas e repulsivas. Ao longo dos meses, nós nos tornamos bons amigos e vizinhos confiantes”, disse Franz Caspar, que na tribo era chamado carinhosamente de ‘toto amsi-tan’, o vovô com o narigão.
No ano de 1955, depois de ter terminado seus estudos em Hamburgo nas áreas de etnologia, psicologia e ciências políticas, Franz Caspar empreendeu nova viagem, desta vez com equipamentos para completar sua documentação sobre as tradições Tupari.
As histórias vividas pelo etnólogo foram relatadas no livro Tupari: entre os índios, nas florestas brasileiras.
Durante vinte anos Franz Caspar e família documentaram o universo desse povo indígena, reunindo cerca de 500 páginas, com fotos e gravuras.
Sessenta anos depois, seu filho, de mesmo nome, professor da Universidade de Genebra, visitou a Terra Indígena Rio Branco, local em que vivem os Tupari hoje. Depois de tantos anos, constatou que os índios não tinham se esquecido do ‘dotô Francisco’ e contaram histórias do tempo em que conviveram com ele.
Um dos filhos do cacique Waitó lhe disse: “Seu pai aprendeu a nossa língua, conversava com a gente em tupari, bebia a nossa chicha, pintava o corpo e comia a nossa comida, era como índio puro”.
Franz Caspar filho conta que a família cresceu com a cultura Tupari e que eles até conheceram com certa intimidade as características de alguns índios sem nunca terem saído de Zurique.
As coleções de artefatos indígenas trazidas pelo etnólogo estão atualmente nos museus etnológicos de Hamburgo, Bremen e Basiléia.
Franz Caspar faleceu em 1977.