Colônia Helvetia
Em Indaiatuba (SP), o núcleo histórico de uma colônia de suíços fundada em 1888 mantém vivas as tradições do país. Os descendentes dos fundadores da Colônia Helvetia celebram todos os anos a data nacional, 1º de agosto, com uma grande festa, reunindo a comunidade suíça, seus descendentes e muitos brasileiros.
Há fogos de artifício e lançadores de bandeira. É a chamada Festa da Tradição.
O desafio de uma nova terra
Integrantes das famílias Ambiel, Amstalden, Bannwart e Wolff decidiram romper o contrato de parceria firmado com o Barão de Jundiaí, Antonio de Queiroz Telles, por meio da empresa do Senador Vergueiro, e aproveitando a baixa do preço das terras, compraram o sítio Capivary-Mirim e parte do sítio Serra D’Água.
Em 14 de abril de 1888, lançavam a pedra fundamental da Colônia Helvetia.
Como as terras — 468 alqueires no total — foram compradas dos herdeiros de Vicente Sampaio Góis, os colonos foram chamados nesse início de “Os Sampaios”.
Para eles, os primeiros tempos foram difíceis. As instalações do sítio eram precárias, tudo estava por fazer.
As quatro famílias trabalharam juntas nos seis primeiros anos. Depois, dividiram as terras em quatro e reservaram um alqueire para a construção de uma igreja e uma escola.
Em apenas 12 anos, Helvetia já havia dobrado de tamanho. A comunidade expandiu-se ainda mais quando outras propriedades foram adquiridas na região pelos descendentes dos pioneiros, em bairros de Indaiatuba, Monte Mor, Campinas, Valinhos, Vinhedo e Jundiaí.
Três pontos de união
São três as instituições que aglutinam a comunidade de Helvetia: a Sociedade Escolar São Nicolau de Flüe, a Sociedade de Tiro ao Alvo e a Igreja de Nossa Senhora de Lourdes.
A tradição do clube de tiro
Antes mesmo da fundação de Helvetia, organizava-se, em 1885, um clube de tiro no Sítio Grande, propriedade da região que recebeu imigrantes suíços. Helvetia cultua até hoje o nome do vencedor da primeira festa do Tiro, Arnoldo Bannwart. Conta-se que não houve dinheiro suficiente para comprar munição e a disputa foi feita com arco.
Em Helvetia, a Festa do Tiro é sempre um acontecimento. Milhares de pessoas participam. Com o tempo, ela mudou de nome e transformou-se na Festa da Tradição.
Uma escola para os pioneiros
A escola São Nicolau de Flüe foi construída em 1894, no ano seguinte à chegada ao Brasil do professor Hans von Deschwanden. Seus sucessores foram Max Landmann, um entusiasta da música que organizou um grupo de canto, e José Francisco Bannwart.
Entre 1904 e 1942, as Irmãs de Santa Catarina e, depois, Irmãs Beneditinas se encarregaram das aulas. Nos anos seguintes, as religiosas foram substituídas por professoras da própria comunidade. A primeira delas foi Leonor Amstalden.
Em 1981, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo passou a administrar a escola e inaugurou um novo prédio, junto à rodovia Santos Dumont. A antiga escola passou a ser usada para atividades sociais e culturais, entre elas um clube de jazz e o clube esportivo Bandeirantes.
Três padroeiros para a igreja
Antes da construção da igreja, o salão da escola servia como sala de orações.
Anton Ambiel registrou a reunião de 23 de janeiro de 1898, em que foi decidida a construção de uma capela “em louvor da Imaculada Conceição de Maria Mãe de Deus, da Santíssima Trindade e do bem-aventurado patrono da Suíça, Nicoklaus von Flüe”.
Até hoje a padroeira é Nossa Senhora de Lourdes, mas a igreja tem outros dois patronos: São José e São Nicolau de Flüe.
A celebração das conquistas
Mais de um século depois de sua fundação, a Colônia Helvetia é uma comunidade unida por um passado comum e pela origem suíça que relembra e celebra sua história de geração a geração.